Você vai ler sobre uma pesquisa divulgada no Dia da Consciência Negra que mostra que a grande maioria das pessoas percebe diferenças no tratamento entre brancos e negros. O estudo aponta essas diferenças em locais como shoppings e comércios, no trabalho, nas ruas e nas escolas, e também revela apoio para enfrentar o problema com políticas públicas e mais representatividade.
- Grande parte da população percebe tratamento desigual entre brancos e negros
- Desigualdade é mais notada em shoppings, comércios e no trabalho
- Há apoio expressivo a políticas públicas e ações afirmativas
- Muitos afirmam que a violência policial atinge mais pessoas negras
- A percepção varia por cidade: mais intensa em Salvador e Belém; menor em Goiânia e Manaus
8 em cada 10 brasileiros percebem tratamento desigual entre brancos e negros, aponta pesquisa
Uma pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com a Ipsos-Ipec mostra que 80% dos entrevistados reconhecem diferenças no tratamento entre pessoas brancas e negras. O levantamento ouviu 3.500 pessoas em dez capitais brasileiras e foi divulgado no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. As respostas foram coletadas entre 1º e 20 de julho.
Principais resultados
A percepção de discriminação é mais forte em ambientes de consumo: shoppings, lojas, bares e restaurantes aparecem como os locais mais citados. Em seguida vêm o ambiente de trabalho — desde processos seletivos até promoções —, ruas e espaços públicos, e instituições de ensino.
Na amostra, 54% dos entrevistados se declararam pretos ou pardos e 43% se declararam brancos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para o levantamento geral e sobe para seis pontos quando considerada cada capital isoladamente.
Variação por cidade
Os índices variam conforme a capital. Em Salvador e Belém, 65% e 62% das pessoas, respectivamente, perceberam tratamento desigual em comércios e shoppings. Em Goiânia e Manaus, os percentuais foram de 51% e 50%.
Percepção sobre racismo e violência policial
Há forte apoio a medidas públicas: 75% dos entrevistados concordam totalmente ou em parte que o racismo é um problema central na sua cidade e precisa ser enfrentado com políticas específicas. O mesmo percentual (75%) afirmou que a violência policial afeta principalmente pessoas negras; 18% discordaram total ou parcialmente e 8% disseram não saber.
Representatividade e ações afirmativas
A maioria (72%) acredita que aumentar a presença de pessoas negras na política e em cargos de poder ajuda a reduzir desigualdades estruturais. O levantamento mostra diferenças por raça nas opiniões sobre ações afirmativas: 13% dos pretos e pardos defendem cotas para cargos de decisão, frente a 8% dos brancos; 18% dos brancos apoiam a eliminação de cotas em universidades, contra 12% entre negros. O coordenador de relações institucionais do instituto explicou que essa divisão reflete visões distintas sobre o papel do racismo na estrutura social e sobre o alcance das políticas públicas.
Impacto em serviços essenciais e riscos ambientais
Quase metade dos entrevistados relatou que a população negra é mais afetada por falhas em serviços essenciais. Metade afirmou que negros têm mais dificuldades de acesso a água potável e à coleta e tratamento de esgoto. Percentuais próximos (48%) apontaram que negros são mais atingidos por deslizamentos e desabamentos; o mesmo número foi registrado para inundações e alagamentos.
Conclusão
O retrato é claro: 8 em cada 10 brasileiros percebem diferença de tratamento entre brancos e negros — não um detalhe isolado, mas um padrão. A desigualdade aparece mais em shoppings, comércios, trabalho, ruas e escolas. Há consenso sobre a necessidade de políticas públicas e mais representatividade.
A intensidade varia por cidade — Salvador e Belém apresentam índices mais altos; Goiânia e Manaus mais baixos —, mas a tendência é a mesma: o racismo estrutural afeta acesso a água, saneamento, proteção contra desastres e aumenta o risco de violência policial. Palavras não bastam: são necessárias medidas concretas, fiscalização e participação social contínua.
Perguntas Frequentes
O que a pesquisa mostra?
Oito em cada dez pessoas percebem tratamento diferente entre brancos e negros. Foram 3.500 entrevistas em dez capitais. Margem de erro geral: 2 pontos.
Onde essa desigualdade é mais notada?
Em shoppings e comércios, seguidos por trabalho, ruas e espaços públicos, e escolas/universidades.
Há variação entre cidades?
Sim. Salvador (65%) e Belém (62%) têm índices maiores; Goiânia (51%) e Manaus (50%) têm índices menores.
O que a população pensa sobre políticas públicas?
75% acreditam que o racismo é um problema central e exige políticas específicas. 72% dizem que mais representação negra na política ajuda a reduzir desigualdades.
Que impactos sociais foram apontados?
Metade diz que negros têm mais dificuldade de acesso a água e esgoto; quase metade aponta maior impacto em inundações, deslizamentos e violência policial.
