Nubank avança para se tornar banco

Neste texto você vai entender por que o Nubank decidiu avançar para se tornar banco e o que isso muda para o seu dinheiro, para a regulação e para os impostos. Explico de forma simples os caminhos que a empresa pode seguir, as regras mais rígidas de capital e governança, o aumento da carga tributária esperado e as novas obrigações ao consumidor, além de por que essa mudança faz sentido para uma empresa do tamanho do Nubank e por que poucas fintechs devem seguir o mesmo caminho. 

  • Nubank busca licença do Banco Central por causa de nova regra
  • Virar banco permitirá captar depósitos e oferecer mais serviços
  • A mudança exige mais capital, governança e regras de controle
  • Impostos podem subir, mas o impacto real depende da composição da receita ano a ano
  • Poucas fintechs devem seguir; Nubank tem escala e estrutura para avançar

Agência física, mais imposto e novas regras? O que muda se o Nubank virar banco

Você já parou para pensar o que muda no seu dia a dia se o Nubank virar oficialmente um banco? A resposta é mista: algumas coisas ficam mais parecidas com os bancos tradicionais; outras mudam nos bastidores, como impostos e regras de capital. Imagine trocar a roupa favorita por um terno: a marca é a mesma, mas a etiqueta e as exigências mudam.

Por que o Nubank ainda não é banco do ponto de vista regulatório

Hoje o Nubank funciona como instituição de pagamento e com outras licenças (SCFI, corretora), não como banco. Isso significa que, legalmente, ele não capta depósitos do público como um banco faz. Você usa conta digital, cartão e crédito, mas a estrutura jurídica por trás é diferente.

Diferença entre banco e fintech na legislação brasileira

Na lei, banco é instituição de intermediação financeira: capta depósitos e os empresta. Já uma fintech sem licença só pode emprestar com capital próprio ou recursos captados em mercados de capitais. Essa distinção altera como a empresa se financia e como o cliente é protegido — uma perspectiva útil ao comparar opções, como em análises sobre bancos digitais versus bancos tradicionais e o que cada modelo oferece ao consumidor.

Nova regra do Banco Central força mudança

O Banco Central lançou norma que impede o uso de “banco” ou “bank” no nome, marca ou domínio sem a licença adequada. A regra deu prazos de adaptação e exigiu apresentação de plano. Para marcas fortes como o Nubank, a alternativa ficou clara: mudar a marca ou pedir a licença — uma determinação comentada em reportagens sobre a ordem do Banco Central para troca de nome.

Nem bank, nem banco sem licença

A norma busca reduzir ambiguidade para o consumidor: quem usa “banco” no nome deve oferecer as proteções e cumprir as regras dos bancos. Isso tende a reduzir confusões na hora de escolher onde deixar seu dinheiro.

Nubank confirma pedido de licença bancária

O Nubank confirmou que vai buscar a licença bancária no Brasil. A empresa diz que as operações do dia a dia não mudam, mas o escopo aumenta. Há duas vias principais: pedir a licença diretamente ao BC ou adquirir um banco já autorizado — construir do zero ou comprar uma casa pronta.

Caminhos possíveis para virar banco

  • Solicitar a licença diretamente ao Banco Central.
  • Adquirir um banco já autorizado e integrar ao grupo.

Comprar é mais rápido; pedir licença dá mais controle. Em ambos os casos, a marca ficará sujeita a novas regras e requisitos de capital.

Impactos tributários: CSLL, PIS/Cofins e menos flexibilidade

A principal mudança prática vem do campo tributário. Se o Nubank virar banco, a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) sobe: fintechs pagam perto de 9% atualmente; bancos pagam 20%. Além disso, bancos ficam obrigados ao regime cumulativo de PIS/Cofins com alíquota efetiva de 4,65%, reduzindo a margem de manobra fiscal. Essas alterações podem pressionar margens, afetar preços e a capacidade de promoções — um ponto relevante para quem acompanha ofertas e planos do setor, inclusive movimentos como o lançamento de alternativas mais baratas pelo próprio Nubank e concorrentes (iniciativas de preço e competição).

CSLL sobe de 9% para 20%

O salto de 9 pontos percentuais para 20% é significativo e pode reduzir a margem disponível para promoções e ofertas.

Veja também:  APOSENTADOS COMEMORAM: Adicional de 25% no Benefício Está Confirmado – Saiba Como Funciona!

PIS e Cofins: regimes e impacto

Fintechs hoje podem optar por regimes que, em alguns casos, tornam a carga tributária efetiva menor. Bancos não têm essa escolha, o que pode aumentar o custo tributário operacional.

A alíquota efetiva importa

O Nubank argumenta que a alíquota efetiva (considerando créditos e outros tributos) é o que de fato conta — em 2024 sua carga efetiva foi de 29,4%. Comparações nominais não contam toda a história.

Juros sobre Capital Próprio (JCP) e distribuição

Uma vantagem que permanece é o uso de Juros sobre Capital Próprio (JCP) para remunerar acionistas. Mesmo como banco, o Nubank pode continuar usando esse instrumento, embora fintechs frequentemente prefiram reinvestir lucros.

Custos regulatórios, governança e capital

Virar banco exige controles mais rígidos: compliance, gestão de risco, auditoria e relatórios. Há exigências de capital (regras de Basileia) e, conforme a atividade, custos adicionais — estima-se um custo inicial simbólico (por exemplo, cerca de R$ 30 milhões só por requisitos iniciais de capital), além de valores por atividade. Para o Nubank, esse capital mínimo não é obstáculo dada sua escala e base de clientes.

Serviços obrigatórios ao consumidor (Pacote de Serviços Essenciais)

Como banco, o Nubank terá de cumprir o Pacote de Serviços Essenciais do CMN, incluindo:

  • cartão de débito;
  • até quatro saques mensais;
  • transferências internas;
  • extratos e consultas digitais ilimitadas.

Alguns desses serviços não podem ser cobrados, o que aumenta previsibilidade e proteção ao consumidor — uma proteção que ganha relevância quando se considera riscos como encerramento de instituições ou mudanças de estrutura, que têm implicações para clientes e suas chaves PIX (consequências de encerramento de banco).

Recolhimento compulsório e impacto na liquidez

Bancos devem manter parte dos depósitos como recolhimento compulsório no Banco Central, o que reduz o montante disponível para empréstimos e afeta liquidez. Isso pode, em momentos de aperto, produzir ofertas de crédito mais conservadoras.

Atritos com a Febraban e debate público

A transição reacendeu discussões entre bancos tradicionais (representados pela Febraban) e fintechs. Os bancos apontam concorrência desigual; fintechs respondem que promovem concorrência e que já pagam impostos. O debate é intenso e merece acompanhamento.

Por que poucas fintechs devem seguir o mesmo caminho

Virar banco exige estrutura, capital e custos altos. O Nubank é exceção por ter escala, capital e governança para arcar com esses custos. A maioria das fintechs provavelmente permanecerá com o modelo atual — enquanto algumas continuarão a ampliar produtos e limites por meio de iniciativas próprias (estratégias para aumento de limite e produtos).

Imagem e marca: vale manter o roxinho

A decisão também é sobre marca. Manter o nome e a identidade pode justificar o custo da licença para o Nubank — preservar reconhecimento e confiança pode valer mais que economias pontuais.

Impacto na sua experiência como cliente

No curto prazo, a experiência pode continuar parecida. No médio e longo prazos, aumentos de tributos e novas obrigações podem afetar preços, promoções e estrutura de produtos de crédito. Fique atento a comunicações oficiais e a mudanças em tarifas e contratos — e lembre-se de que, em situações de inadimplência ou mudança de regime, contas podem ser afetadas por medidas como bloqueios ou encerramentos temporários (riscos de congelamento de conta por dívida).

Bancos, crédito e programas sociais

A migração para banco também afeta programas sociais: instituições financeiras têm obrigações específicas para viabilizar pagamentos de benefícios. Se o Nubank se tornar banco, poderá ampliar participação em pagamentos de benefícios, dentro das regras que incumbem aos bancos.

Conclusão

Se o Nubank virar oficialmente banco, muita coisa muda nos bastidores — regulação, capital, impostos — e nem tudo aparecerá imediatamente no seu dia a dia. No curto prazo, o serviço pode permanecer parecido; no médio e longo prazos, espere impacto em preços, promoções e na forma como produtos de crédito são oferecidos. A marca roxa pode permanecer, mas o “terno” traz regras mais rígidas: CSLL sobe, PIS/Cofins perdem flexibilidade, há recolhimento compulsório e obrigações do Pacote de Serviços Essenciais. Para você, isso significa mais proteção e previsibilidade, porém menos margem para descontos agressivos. O Nubank tem escala e capital para assumir o custo; poucas outras fintechs devem seguir o mesmo caminho.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Compartilhar post:

Popular

Posts Relacionados
Veja também

PF faz operação contra fraude no INSS

PF faz operação surpresa contra fraude no INSS; prisões e apreensões podem expor esquema que muda quem recebe benefícios. Entenda o risco.

Aposentados e pensionistas recebem extra em janeiro

Aposentados e pensionistas: saiba quem recebe extra em janeiro, quanto pode entrar na conta e como sacar; há surpresas para aumentar sua renda.

Flávio Bolsonaro aciona TCU contra Lulinha

Flávio Bolsonaro aciona o TCU contra Lulinha; saiba por que, quais provas foram citadas e como isso pode mexer com a política e as eleições

Feirão Limpa Nome aproveita 13º salário

No Feirão Limpa Nome, o décimo terceiro salário vira chance de negociar dívidas com descontos e surpresas — descubra como limpar seu nome fácil
MB Hora News
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.