Você vai ler uma reportagem sobre como o Comando Vermelho nasceu nos presídios e se espalhou pelo país. Você vai descobrir a origem, a expansão e as novas tecnologias usadas pelo crime — como drones e fábricas de armas — e entender a violência da megaoperação no Rio e por que tantas ações têm falhado. Tudo explicado de forma direta para você saber o que isso significa para a sua cidade.
- Nasceu em presídios pela convivência entre presos comuns e presos políticos
- Tornou‑se uma facção que se expandiu por várias regiões do país
- Mantém lucro com tráfico e atividades ilegais além das drogas
- Adota tecnologia como drones e fabricação local de armas
- Operações policiais são muito violentas e nem sempre recuperam o controle
Você viu a megaoperação: 64 mortos e 81 presos em ação contra o Comando Vermelho
Na terça‑feira (28/10), a ação conjunta das polícias Civil e Militar deixou 64 mortos — entre eles quatro policiais — e resultou em 81 prisões. As forças informaram ter apreendido mais de 100 fuzis. Foram mobilizados 2,5 mil agentes para cumprir cerca de cem mandados em várias áreas do Rio de Janeiro. Durante os confrontos, membros do grupo criminoso usaram drones com explosivos contra as forças de segurança.
O que aconteceu na cidade?
A operação começou na zona norte, entre os complexos da Penha e do Alemão, e rapidamente gerou tiroteios em outras regiões. Vias foram bloqueadas, comércios fecharam mais cedo e o transporte público ficou lotado. A polícia descreveu a ação como tentativa de frear a expansão territorial do Comando Vermelho, a facção mais antiga do Estado.
Contexto e dados recentes
Relatórios do Mapa dos Grupos Armados (parceria entre Instituto Fogo Cruzado, GENI e UFF) indicam que o Comando Vermelho foi a única facção a aumentar sua área de controle no Estado entre 2022 e 2023. Nesse período, o território sob sua influência cresceu 8,4% e hoje responde por 51,9% das áreas dominadas por grupos armados na Região Metropolitana do Rio.
Como o grupo nasceu e se espalhou?
A origem remonta à década de 1970, quando presos comuns e presos políticos conviveram em penitenciárias como o Instituto Penal Cândido Mendes, em Ilha Grande. Essa convivência ajudou a organizar regras internas e a criar uma estrutura que evoluiu para o que hoje se conhece como Comando Vermelho. Com a abertura das rotas de cocaína na década de 1980, o grupo passou a investir nos lucros das drogas e a disputar territórios.
Nas décadas seguintes, transferências de lideranças entre presídios e a estratégia de “franquias” facilitaram a expansão. Jornalistas e estudos especializados apontam presença do Comando Vermelho em cerca de 25 estados nos últimos anos, contra cerca de 10 anteriormente.
Economia ilegal e novas frentes de lucro
O crime organizado ampliou seu leque de atividades. Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública estima que, em 2022, mercados ilegais como ouro, combustíveis, bebidas e tabaco movimentaram cerca de R$ 146,8 bilhões. O tráfico de drogas segue no centro, especialmente em áreas de fronteira, mas os lucros vêm de atividades diversas e integradas à economia formal via desvios e fraudes.
Armas e tecnologia
Há mudanças no abastecimento de armamento do crime: fábricas clandestinas, montagem local e uso de tecnologia — inclusive impressoras 3D — para produzir peças. A Polícia Federal encontrou recentemente uma oficina para montagem de armas na zona oeste do Rio. Estudos do Instituto Sou da Paz apontam que parte significativa das armas apreendidas vem de desvios e montagem local, além de registros legais que acabam sendo desviados.
O uso de drones com explosivos já é realidade em confrontos urbanos, o que eleva a letalidade e complica operações em áreas densamente povoadas.
Eficácia das operações policiais
Levantamentos indicam que territórios dominados pelo tráfico registram mais confrontos do que áreas controladas por milícias. Segundo o Mapa dos Grupos Armados, a probabilidade de um território sob tráfico ter confrontos é 3,71 vezes maior do que em áreas de milícia. Pesquisadores afirmam que operações grandes e caras nem sempre resultam em retomada sustentável do controle estatal: o impacto imediato existe, mas o domínio frequentemente volta a ser disputado se não houver política pública de longo prazo.
O que isso muda para você?
Se você mora no Rio ou acompanha segurança pública, fique atento a avisos oficiais, deslocamentos e bloqueios durante operações. Autoridades afirmam que as ações visam desarticular redes e apreender armas, mas especialistas lembram que, sem presença social, políticas territoriais e estratégias para cortar a economia ilegal, a violência tende a se manter.
Conclusão
O Comando Vermelho nasceu nos presídios e virou uma rede que usa drones, fábricas de armas e dinheiro sujo para crescer. A megaoperação mostrou números brutais — 64 mortos, 81 presos, mais de 100 fuzis — e deixou claro que força bruta, sozinha, não basta. Operações grandiosas causam impacto imediato, mas o controle territorial escapa se não houver políticas de longo prazo, presença social e estratégias tecnológicas para cortar os lucros do crime.
Perguntas Frequentes
Como o Comando Vermelho nasceu nos presídios?
Nasceu na Ilha Grande nos anos 1970, quando presos políticos e comuns criaram regras e estrutura interna que evoluiu para organização criminosa.
Como o CV se espalhou pelo Brasil?
A transferência de líderes entre presídios, a estratégia de franquias locais e o lucro do tráfico permitiram expansão para várias rotas e estados.
Por que o Comando Vermelho usa drones para atacar?
Drones alcançam alvos sem expor criminosos, são relativamente baratos, causam pânico e podem carregar explosivos ou munição.
Por que as megaoperações são tão letais e pouco eficazes?
Elas empregam muita força e geram tiroteios; sem retomada social e política territorial, o Estado não fixa o controle, resultando em mortes e pouco avanço sustentável.
O que a população deve fazer diante desses ataques com drones?
Siga avisos da polícia, busque locais seguros, evite circular em áreas de risco e não compartilhe desinformação. Exija políticas de longo prazo, não apenas ações armadas.
