Você vai ver por que o Ibovespa atingiu novo recorde na chamada “Superquarta” enquanto o dólar se mostrou mais fraco. O movimento foi puxado pelo corte de juros do Fed nos Estados Unidos e pela manutenção da Selic no Brasil.
Resumo do dia
- Ibovespa: 145.594 pontos (1,06%), a primeira vez acima de 145 mil.
- Dólar (venda): R$ 5,3012; tocou R$ 5,27 durante o pregão.
- Fed cortou a taxa em 0,25 p.p., para a faixa de 4% a 4,25% — primeiro corte em nove meses.
- Selic mantida em 15% ao ano, preservando diferencial de juros a favor de ativos locais.
- IGP‑10 de setembro: alta de 0,21% (mês anterior: 0,16%; expectativa: 0,34%).
Por que isso aconteceu
O mercado reagiu simultaneamente a sinais diferentes de política monetária:
- Nos EUA, o corte do Fed reduziu o prêmio por ativos americanos e incentivou o fluxo para mercados emergentes.
- No Brasil, a Selic em 15% manteve atratividade dos ativos locais, atraindo capital estrangeiro.
- O resultado foi um ambiente favorável para ações (alta do Ibovespa) e um dólar um pouco mais fraco frente ao real. Para entender movimentos pontuais do mercado acionário doméstico, veja como o Ibovespa surpreendeu com alta puxada por grandes empresas em outro pregão relevante.
Além disso, o tema de alternativas ao dólar ganhou espaço nos debates recentes, com discussões sobre moedas digitais que podem influenciar fluxos internacionais (explicação sobre a Drex), embora esse efeito seja ainda gradual.
Efeito sobre seu bolso e seus investimentos
- Maior apetite por ações: fluxo externo e diferencial de juros tendem a elevar ações brasileiras no curto prazo.
- Real ligeiramente valorizado: ajuda importadores e pode reduzir pressões inflacionárias de itens cotados em dólar — embora mudanças de tarifas também possam afetar custos, veja como um possível tarifação pode pesar no seu bolso.
- Risco ainda presente: discursos do Fed, decisão do Copom, dados de emprego e inflação podem reverter a tendência.
Projeções do Fed e contexto político
Além do corte, o Fed divulgou projeções sugerindo pelo menos mais dois cortes até o fim do ano. A decisão ocorreu em meio a forte pressão política e controvérsias internas, com divergências públicas entre membros do comitê.
No plano doméstico, movimentos fiscais e anúncios de estímulos também influenciam a percepção de risco — por exemplo, o recente pacote econômico de R$ 50 bilhões tem impacto político e orçamentário para o país.
Indicadores locais: IGP‑10 e composição
A FGV divulgou o IGP‑10 de setembro com os seguintes destaques:
- IGP‑10: 0,21% (mês) — abaixo da expectativa média de 0,34%.
- IGP‑10 em 12 meses: 2,88%.
- IGP‑10 no ano: −1,06%.
- IPA‑10 (preços ao produtor): 0,27% — destaque para café em grão: 22,37%.
- IPC‑10 (preços ao consumidor): −0,13% — desaceleração em alimentos, serviços e preços administrados.
- INCC‑10 (custo da construção): 0,42%.
A alta do IGP‑10 foi puxada pelo setor atacadista; o consumo segue mais contido. Apesar da desaceleração no consumo, setores de serviços mostram dinâmica própria — veja análise sobre como o setor de serviços registrou forte desempenho em outro período.
Como ficaram os mercados globais
- Estados Unidos: índices mistos — Dow Jones em alta, S&P 500 e Nasdaq recuaram levemente. Também houve reação dos criptoativos antes e durante decisões do Fed, com exemplos de volatilidade em moedas digitais (caso do Bitcoin antes da fala do Fed).
- Europa: pregão de cautela, com variações pequenas entre principais praças.
- Ásia: Hang Seng em máximas de quatro anos, impulsionado por empresas ligadas à inteligência artificial; outras praças asiáticas com movimentos variados.
Conclusão
O cenário recente — corte do Fed, Selic mantida e IGP‑10 moderado — abriu um vento favorável para ativos brasileiros no curto prazo, refletido no recorde do Ibovespa e em um dólar mais fraco. Ainda assim, trata-se de um sinal conjuntural, sujeito a reversões conforme novos dados econômicos e decisões de política monetária.
Perguntas frequentes
- Por que o Ibovespa disparou na “Superquarta”?
O corte do Fed (0,25 p.p.) e a manutenção da Selic tornaram ativos brasileiros mais atraentes, atraindo fluxo externo que elevou o índice. - Isso significa que a alta vai continuar?
Não é garantido. O momento é favorável, mas discursos do Fed, decisão do Copom, e dados econômicos podem alterar o rumo. - Como o corte nos EUA afetou o dólar e o real?
Reduziu o prêmio por ativos americanos, favorecendo moedas emergentes. O dólar chegou a R$ 5,27 e fechou a R$ 5,3012. - O que o IGP‑10 indica sobre a inflação?
Sinal de inflação moderada no curto prazo: pressão no atacado, consumo mais contido. - O que os investidores devem acompanhar agora?
Comunicados do Fed e do Copom, dados de emprego e inflação, resultados corporativos — e decisões judiciais ou estruturais que afetem empresas, como recentes reviravoltas no setor privado (caso de decisões judiciais impactando empresas) — além de fluxo externo.