A relação entre a economia global e a natureza é inegável. Mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) mundial depende, ao menos moderadamente, do ambiente natural. No entanto, a fauna e flora do planeta enfrentam ameaças significativas, com cerca de um quarto das espécies em risco de extinção. Os serviços ecossistêmicos já sofrem um declínio alarmante, afetando o solo, o controle de desastres naturais e a regulação da poluição. Evidentemente, a natureza não possui substitutos fáceis, tornando-se fundamental lidar com esta crise de forma eficiente.
Apesar do impacto vital que a natureza tem sobre a economia e a vida humana, investimentos insuficientes são destinados a soluções sustentáveis. Estima-se que apenas US$ 200 bilhões por ano sejam alocados para iniciativas que preservam o meio ambiente – uma soma modesta frente aos quase US$ 7 trilhões investidos em atividades que prejudicam a natureza, como a agricultura intensiva e subsídios a combustíveis fósseis. No entanto, a conscientização vem aumentando, e esforços para interromper a perda de biodiversidade avançam no cenário global.
A COP16 e o Marco Global de Biodiversidade
Na COP16, conferência de biodiversidade organizada em Cali, Colômbia, os signatários do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal debaterão a implementação de metas que visam reverter a perda de biodiversidade até 2030. Uma das prioridades dessa convenção será assegurar que o financiamento se alinhe com os objetivos, tornando-se parte da solução em vez de perpetuar o problema.
Reorientar o fluxo de capitais requer a precificação adequada dos riscos financeiros associados à degradação dos ecossistemas. Esses riscos, tanto físicos quanto de transição (decorrentes de mudanças regulatórias e de comportamento dos consumidores), não são plenamente considerados no sistema financeiro atual. Consequentemente, isso dificulta a manutenção de investimentos seguros e estáveis.
Como o Sistema Financeiro Pode Mitigar a Crise Ambiental?
Os bancos centrais começam a reconhecer a magnitude dos riscos ambientais para as finanças. Estudos recentes evidenciam que choques ecológicos podem levar a despencas significativas nos PIBs nacionais. No Reino Unido, por exemplo, tais eventos podem resultar em uma queda de até 6% na economia até 2030.
- Medição de Riscos: É imperativo que o sistema financeiro equilibre os riscos ecológicos, semelhante ao que se busca para os riscos climáticos.
- Divulgação Corporativa: As empresas devem informar sobre suas dependências e impactos ambientais, proporcionando clareza aos investidores.
- Financiamento de Transições: Instituições financeiras devem apoiar clientelas na transição para práticas mais sustentáveis.
Por que a Biodiversidade e o Clima Estão Interligados?
A perda da biodiversidade e a mudança climática são crises gêmeas que se intensificam reciprocamente. Medidas para um ambiente sustentável devem abordar ambos os desafios, já que eles compartilham fatores causadores comuns e afetam profundamente o equilíbrio terrestre. Estratégias eficazes podem evitar um planeta onde a temperatura controlada não compense a perda de habitabilidade.
Dentro das 23 metas do Marco de Biodiversidade até 2030, existem objetivos específicos para reduzir incentivos financeiros prejudiciais à natureza, mobilizando recursos que protejam o ambiente e exijam relatórios transparentes de empresas sobre riscos naturais. O trabalho conjunto e a cooperação internacional são essenciais para que cada meta seja alcançada, assegurando um futuro sustentável para todos.