Você quer entender o que vem por aí para sua carteira e para a economia do país? Neste texto você acompanha o olhar dos economistas Caio Megale e Rafaela Vitória sobre a Selic, as contas públicas, onde cortar e o risco de inflação no próximo ano. A cena parece melhor, mas nem tanto. Fique de olho no que pode mexer no seu bolso e nos mercados.
2026 deve ser um pouco melhor, mas você ainda precisa ficar atento: juros caem com fiscal apertado
Você pode esperar que 2026 seja um pouco melhor, segundo economistas ouvidos no evento Onde Investir 2026. Ainda assim, riscos fiscais e incertezas mantêm o cenário vulnerável. As projeções indicam espaço para cortes na Selic, mas a abordagem e o ritmo dependem de fatores domésticos e externos.
Principais pontos agora
Você deve saber o seguinte:
- A Selic está em 15% e há consenso de espaço para cortes em 2026.
- O Banco Inter projeta início dos cortes já em janeiro e um total de 300 pontos-base no ano, terminando com 12%.
- A XP vê cortes mais tarde, com início plausível entre março e maio.
- As contas públicas seguem desafiadoras: o projeto orçamentário de 2026 prevê superávit primário de 0,25% do PIB mas exclui gastos de R$ 57,8 bilhões; incluindo esses, haveria déficit.
- Agências e organismos internacionais, como a Moody’s e o FMI, mantêm sinais de alerta sobre a sustentabilidade fiscal.
Selic e o calendário de cortes
A discussão sobre o timing dos cortes considera emprego e atividade. Economistas destacam:
- O mercado vê espaço para reduzir juros no primeiro trimestre.
- Quem defende cortes imediatos aponta que a inflação pode seguir controlada no curto prazo.
- Quem pede cautela lembra que o emprego no Brasil está forte, o que justifica esperar antes de aliviar muito a política monetária.
Risco fiscal: o que preocupa você
As finanças públicas são o ponto de atenção. Importante para você entender:
- O orçamento de 2026 usa exclusões que suavizam o resultado. Isso pode esconder a real pressão sobre as contas.
- A perspectiva da Moody’s foi revista para estável, mantendo a nota Ba1, por causa do avanço lento das reformas.
- O FMI adverte que cumprir metas exige disciplina diante de despesas obrigatórias e medidas de transferência de renda.
Onde cortar para melhorar as contas?
Se você acompanha o debate, as sugestões apontam para:
- Revisão e consolidação de programas sociais que cresceram sem avaliação de eficiência.
- Reavaliar regras como o BPC, que hoje paga valores próximos ao salário-mínimo sem contribuição prévia.
- Repensar a política de valorização real do salário-mínimo, que pressiona a Previdência e o gasto público.
Inflação e consumo: o dilema para você
Fique atento ao efeito das transferências de renda:
- A expansão do gasto social estimulou o consumo e ajudou a economia a se recuperar.
- Com o mercado de trabalho aquecido, novas transferências podem elevar a demanda e pressionar preços.
- Projeções centrais indicam inflação próxima de 4% em 2026, com risco de subir para 4,5%–5% se fatores favoráveis de 2025 não se repetirem (câmbio apreciado, forte safra, política fiscal e monetária menos restritiva).
Contexto econômico recente
Para você situar o quadro:
- Em 2025, o PIB mostrou sinais de desaceleração. No 3º trimestre, cresceu 0,1%, abaixo do esperado.
- Esses resultados reforçam a leitura de que o Banco Central pode iniciar cortes, mas com cautela.
- Fatores externos e decisões políticas continuarão a influenciar a trajetória de juros, câmbio e inflação.
Conclusão
Em resumo: 2026 tende a ser um pouco melhor, mas não é passeio no parque. A Selic em 15% abre espaço para cortes, porém isso depende de um fiscal que não fique folgado. Cuide do seu bolso como quem atravessa uma ponte — passo firme e olho aberto.
Há dois caminhos à frente: cortes mais rápidos, com inflação sob controle; ou cautela, se o risco fiscal apertar e a inflação ganhar fôlego. Corte demais cedo e o risco volta como bumerangue. Mantém-se a necessidade de ajuste nas contas públicas: revisar programas, repensar o salário-mínimo e segurar o gasto.
Perguntas frequentes
Por que a Selic pode cair se as contas públicas ficam apertadas?
Porque a inflação caiu e o BC vê espaço para cortar. Mas o aperto fiscal pode limitar quantos cortes virão ou por quanto tempo.
Quando começam os cortes na Selic?
Espera-se no primeiro trimestre de 2026. Alguns economistas falam em janeiro; outros apontam março/maio.
O que aperto fiscal significa para o cidadão?
Menos gasto público ou revisão de benefícios. Pode haver mais impostos ou serviços reduzidos no médio prazo.
Onde vão cortar segundo os economistas?
Revisão de programas sociais, ajustes no salário-mínimo e controle da Previdência. Foco em tornar gastos mais eficientes.
