O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo significativo durante a Cúpula do G20 de 2024, realizada no Brasil, para que os países antecipem suas metas climáticas, diante do agravamento da crise climática global. Em seu discurso, Lula destacou a importância urgente de se combater as emissões de gases do efeito estufa e os impactos das mudanças climáticas que se tornam cada vez mais visíveis, com desastres naturais mais frequentes e intensos, como enchentes, incêndios, secas e furacões.
O Desafio Climático e o Papel do G20
Durante a terceira sessão do encontro, que tratou do futuro do clima, o presidente brasileiro fez uma reflexão poderosa: “Poucos de nós imaginávamos que, três décadas depois, estaríamos vivendo o ano mais quente da história, com desastres climáticos se intensificando”, referindo-se à histórica Conferência Rio-92, que estabeleceu os pilares para o desenvolvimento sustentável e a Agenda 2030 da ONU. Lula enfatizou que, apesar do Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC, os resultados ainda estão aquém do necessário, com os compromissos climáticos demorando para surtir efeito.
A Proposta de Lula: Antecipar Metas Climáticas
O presidente brasileiro propôs aos países desenvolvidos do G20 que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Ele ressaltou que, sem a assunção de responsabilidades históricas pelas nações mais ricas, elas não teriam credibilidade para exigir ações mais ambiciosas dos países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, fez um chamado para que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países em desenvolvimento cubram toda a economia e todos os gases de efeito estufa, incluindo metas absolutas de redução de emissões.
A Força-Tarefa Global contra a Mudança do Clima, também anunciada na Cúpula, visa intensificar as ações para mitigar os efeitos do aquecimento global e busca garantir que as emissões líquidas de gases sejam zeradas até meados do século.
O Brasil como Líder Climático: COP-30 e a Aliança Global contra a Fome
Lula também se referiu à COP-30, que será sediada pelo Brasil em Belém (PA), em 2025, e destacou a relevância do evento como o maior encontro mundial para o debate sobre as mudanças climáticas. A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma das grandes vitórias da presidência brasileira do G20, foi outra conquista importante. A iniciativa busca combater a fome e a pobreza em 82 países com a ajuda de 66 organismos internacionais. Com a sede regional da aliança em Brasília, o Brasil se posiciona como um pilar fundamental para políticas públicas globais no enfrentamento dessas crises sociais.
Transição para a Presidência Sul-Africana no G20
No final da Cúpula, o Brasil passou a presidência do G20 para a África do Sul, liderada pelo presidente Cyril Ramaphosa, que, pela primeira vez, assume o comando do grupo. Lula, ao entregar a presidência, ressaltou os laços históricos, sociais e econômicos entre a América Latina e a África, mencionando uma citação de Nelson Mandela: “É fácil demolir e destruir; os heróis são aqueles que constroem”, convidando todos a construírem um mundo justo e sustentável. Ramaphosa, por sua vez, garantiu dar continuidade ao G20 Social, uma iniciativa de participação social inédita que permitiu uma maior colaboração com as sociedades civis antes das discussões entre os líderes globais.
Conclusão: Desafios e Esperança para o Futuro Climático
A Cúpula do G20, presidida pelo Brasil, não apenas reforçou a necessidade urgente de ações climáticas imediatas, como também marcou um passo significativo na luta global contra a fome e a pobreza. Ao convocar os países a anteciparem suas metas climáticas e fortalecerem suas contribuições para mitigar os danos ambientais, Lula se posicionou como um líder na busca por um futuro mais justo e sustentável.