Para quem depende de linhas de crédito com desconto direto no benefício, uma mudança recente promete mexer com o orçamento de muitos brasileiros. O aumento de juros consignados INSS foi definido pelo Conselho Nacional da Previdência Social e reacendeu discussões entre bancos, governo e representantes de aposentados e pensionistas.
O que muda com esse novo teto de juros?
O CNPS decidiu, em reunião realizada no fim de março, elevar de 1,80% para 1,85% ao mês o limite máximo que pode ser cobrado no crédito consignado do INSS. A proposta foi apresentada por um representante da Confederação Nacional do Comércio, Helio Queiroz da Silva, e aprovada pelo colegiado.
Já o pedido de aumento dos juros do cartão consignado do INSS, para 2,74% ao mês, não foi aceito.
Esse novo limite de juros impacta diretamente aposentados e pensionistas, que costumam recorrer a esse tipo de empréstimo por conta da facilidade de aprovação e taxas, até então, mais acessíveis do que outras modalidades de crédito.
Por que os bancos queriam um aumento maior?
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e outras entidades do setor bancário defenderam um aumento ainda maior no teto de juros, chegando a 1,99% ao mês para o crédito consignado tradicional do INSS, e 2,95% para o cartão consignado.
Segundo os representantes das instituições financeiras, limites considerados “inviáveis” dificultam a liberação de crédito, principalmente para públicos mais vulneráveis, como idosos mais velhos e pessoas com maior risco de inadimplência. Eles alegam que, com as condições atuais, as concessões de crédito acabam sendo reduzidas, impactando negativamente o mercado.
E o que dizem os números?
Após o último reajuste em janeiro para 1,8%, os bancos notaram uma retomada nas operações, movimentando R$ 12,5 bilhões — mesmo valor observado no mesmo período do ano anterior. Porém, com o reajuste do salário mínimo e o aumento no prazo de pagamento de 84 para 96 meses, a expectativa era de uma alta nas concessões líquidas em janeiro e fevereiro de 2025. Isso, no entanto, não se concretizou.
Mesmo com os estímulos, o mercado financeiro esperava um desempenho melhor do crédito consignado, o que pode justificar a pressão por mais flexibilidade nas taxas.
Quem decide essas mudanças?
O Conselho Nacional da Previdência Social é formado por 15 membros, entre representantes do governo, trabalhadores, aposentados e empregadores. O atual presidente do colegiado é o ministro da Previdência, Carlos Lupi, responsável por conduzir as discussões e votações sobre medidas que afetam diretamente a vida dos segurados do INSS, como o aumento dos juros do consignado.