Você vai ver como a nota técnica do INSS afirma que a Crefisa usou sua função de agente pagador para impulsionar seu negócio de crédito. O texto detalha ofertas agressivas a beneficiários, antecipação de pagamentos como forma de pressão, uso de informações do INSS e contratos assinados sem esclarecimento — além da institucionalização dessas práticas, falhas operacionais que facilitaram as vendas e a resistência da empresa a fiscalizações.
O que o INSS afirma sobre o contrato da Crefisa
O INSS diz que a Crefisa usou o papel de agente pagador para “alavancar seu negócio principal de crédito”. Em agosto, o contrato para pagamento de novos benefícios foi suspenso por cautela — uma medida abordada em detalhes na cobertura sobre a suspensão do contrato por reclamações.
A nota técnica, obtida via Lei de Acesso à Informação, aponta descumprimentos contratuais repetidos e descreve problemas de estrutura, atendimento e práticas comerciais nas unidades da Crefisa — um padrão sistemático, não um erro isolado.
Quais irregularidades o INSS listou
O INSS citou problemas operacionais e comerciais:
- Espaços pequenos e incompatíveis com o número de beneficiários.
- Falta de caixas eletrônicos ou terminais fora de uso.
- Ausência de sistema de triagem e de senhas.
- Agências sem lugares para sentar.
- Banheiros inadequados e sem climatização.
- Tempos de espera muito longos.
Além disso, a nota técnica descreve práticas comerciais preocupantes: antecipação do primeiro pagamento como forma de pressão para vendas, uso de dados do INSS para fins comerciais e relato de contratos assinados sem explicação — levando a empréstimos consignados, cartões e seguros não solicitados. Esses pontos foram apontados como parte do conjunto de problemas que motivaram o rompimento cautelar e fiscalização do contrato. O INSS entende que esses relatos configuram estratégia comercial agressiva e institucionalizada.
A visão da Crefisa: o que você precisa ouvir
A Crefisa apresentou recurso e defesa no processo administrativo. A empresa afirma que muitas reclamações são antigas (anteriores a 2024) e não refletem a realidade atual; diz ter ampliado e modernizado unidades e ter demonstrado melhorias ao INSS. Afirma também que benefícios já designados continuam sendo processados normalmente e nega irregularidades, coação ou indução à contratação de serviços.
Como isso afeta você, beneficiário do INSS
Se você recebe benefício ou vai pedir um, pode haver atraso na ativação do pagamento, porque a entrada de novos pagamentos pela Crefisa foi interrompida. Quem passou por filas relata atendimento ruim e exposição ao sol; outras instituições precisaram absorver a demanda. Se sentir pressão para contratar produto financeiro na agência:
- Pare e leia tudo com calma.
- Pergunte como o contrato afeta seu benefício.
- Recuse ofertas que não entender.
- Busque orientação no INSS ou na defensoria pública.
Para entender melhor as medidas que visam proteger quem recebe benefício, acompanhe a cobertura sobre a suspensão e proteção aos beneficiários adotada pelo INSS.
Se alguém pressiona, diga: “Eu não concordo. Quero tempo para ler.” Um “não” firme frequentemente muda o tom da conversa.
Como o INSS chegou à decisão de suspender o contrato
A decisão veio de fiscalizações e denúncias registradas na nota técnica: falta de equipamentos, longos tempos de espera e relatos de vendas forçadas. O INSS concluiu haver risco aos beneficiários e suspendeu a autorização para novos pagamentos em caráter cautelar.
A nota técnica também apontou que a rede de atendimento da Crefisa não tinha capilaridade suficiente para cumprir a obrigação contratual, gerando sobrecarga operacional. Em contexto mais amplo, havia alertas sobre práticas que colocavam benefícios em risco, como descontos indevidos que já vinham sendo questionados (investigações sobre descontos e riscos ao benefício).
O que ocorreu no pregão e a posição da empresa
No pregão de 2024, a Crefisa venceu 25 de 26 lotes, conquistando a responsabilidade por pagamentos de aposentadorias, pensões e auxílio-doença. Ganhar o pregão trouxe visibilidade e clientes; para o INSS, porém, a execução do serviço é que importa — e aí surgiram as queixas.
A Crefisa diz ter trabalhado em melhorias e busca a retomada das autorizações, enquanto o processo administrativo analisa o cumprimento contratual e as reclamações apresentadas.
Reclamações concretas: relatos e exemplos
Relatos recebidos pelo INSS descrevem cenas repetidas: beneficiários esperando horas sob calor, atendentes oferecendo empréstimos e outros produtos durante o pagamento, assinaturas em tablets ou papéis sem leitura prévia, e cobranças de serviços não solicitados.
A repetição desses relatos levou o INSS a entender que havia padrão institucionalizado. Várias matérias reuniram denúncias e o histórico de reclamações que motivaram a ação administrativa (apuração das reclamações e suspensões).
O que você pode fazer agora
Se você é beneficiário, adote medidas práticas:
- Leia tudo antes de assinar.
- Recuse ofertas no momento do pagamento se não entender.
- Guarde cópias e fotos de documentos.
- Registre reclamação no INSS e em órgãos de defesa do consumidor.
- Procure defensoria pública se sentir que foi coagido.
Se alguém pressiona, diga: “Eu não concordo. Quero tempo para ler.” Um “não” firme frequentemente muda o tom da conversa.
O que pode acontecer a seguir
O processo administrativo seguirá com análise de recursos. Possíveis desfechos:
- Retomada dos pagamentos novos, se o INSS considerar as melhorias suficientes.
- Continuidade da suspensão enquanto persistirem riscos.
- Adoção de medidas punitivas, caso sejam confirmadas irregularidades.
Para acompanhar prazos e mudanças na situação contratual, veja a matéria que explica o que muda com a suspensão e os cenários possíveis: o que muda após a suspensão.
Até a decisão final, mantenha-se atento e exija transparência.
Perguntas frequentes
- Crefisa usou sua função no INSS para alavancar negócios de crédito?
Sim. A nota técnica do INSS aponta que a Crefisa usava o papel de agente pagador como plataforma para vender produtos financeiros. - Que práticas comerciais o INSS apontou?
Ofertas agressivas, antecipação do primeiro pagamento como pressão, uso indevido de dados e assinatura de contratos sem explicação. - Foram casos isolados de funcionários?
Segundo o INSS, não: a repetição dos relatos indica um padrão institucionalizado. - Como a estrutura operacional favoreceu essas práticas?
Espaços inadequados, filas longas, falta de terminais e ausência de sistema de senhas — um cenário que facilita ofertas agressivas. - O que a Crefisa diz e qual é a situação atual?
A Crefisa nega irregularidades, afirma ter implementado melhorias e recorreu. O INSS suspendeu autorizações para novos pagamentos, mas os benefícios já designados continuam sendo processados.