No cenário financeiro brasileiro, o crédito consignado tem desempenhado um papel essencial, especialmente para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No entanto, mesmo com o recente aumento da taxa de juros do crédito consignado para 1,80% ao mês, a maioria das instituições financeiras continua cautelosa quanto à retomada dessa modalidade por meio de correspondentes bancários.
Das diversas instituições contatadas, apenas o Bradesco e o Banrisul reativaram essas operações através de intermediários. Outras organizações renomadas como Itaú, Banco Pan, Nubank e Mercantil ainda mantêm suas ofertas de forma direta, seja presencialmente em agências ou através de seus canais digitais.
Quais Razões Contribuem para a Suspensão do Crédito Consignado?
Um dos principais motivos alegados pelas instituições que ainda não retomaram o serviço é que a taxa de juros, mesmo elevada, permanece insuficiente para cobrir os custos. O Itaú destacou que as condições atuais não sustentam a viabilidade econômica das operações realizadas por correspondentes bancários. O Mercantil, por outro lado, afirmou que os altos custos de captação em relação ao teto de juros tornam a operação impraticável.
É importante ressaltar que o Banco do Brasil continua a ofertar crédito consignado, mas somente através dos seus canais próprios. Entretanto, não esclareceu se este serviço será retomado via correspondentes.
Impacto do Crédito Consignado no Mercado Financeiro
Mesmo com tais limitações, os dados revelam que o crédito consignado continua a ter uma presença expressiva. Até o início de 2024, cerca de 15 milhões de beneficiários do INSS mantinham contratos ativos nessa modalidade, com um total superior a R$ 103 bilhões liberados por meio de empréstimos consignados. Este número representa um aumento significativo comparado aos R$ 78,7 bilhões do ano anterior, segundo o Banco Central.
Além disso, a dinâmica atual reflete as pressões enfrentadas pelo setor bancário, que tem exigido uma revisão constante das políticas e taxas para equilibrar a oferta com a sustentabilidade econômica da operação.
Quais São as Perspectivas para o Crédito Consignado no Futuro?
No final de 2023, as discussões entre representantes do setor bancário e autoridades governamentais trouxeram à tona a urgência de reavaliar o teto de juros do crédito consignado. Naquela época, o estreito spread bancário evidenciado pelas instituições indicava uma margem média de 0,51%, evidenciando a necessidade de ajustes para manter a viabilidade econômica da modalidade.
À medida que o debate avança, a expectativa é de que medidas sejam adotadas para alinhar as taxas de juros a um patamar que permita ao setor bancário dispor de margens adequadas, assegurando a continuidade da oferta de crédito consignado com condições atraentes e acessíveis para os beneficiários do INSS.
O cenário para o crédito consignado permanece desafiador, mas também promissor, considerando os esforços em nível institucional para regularizar questões críticas como juros e custos operacionais. Enquanto o mercado se ajusta a essas novas configurações, as instituições financeiras trabalham para restabelecer a confiança e a oferta de crédito de maneira sustentável.