O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um auxílio financeiro destinado a pessoas com deficiência e idosos com 65 anos ou mais que comprovadamente não conseguem prover o próprio sustento ou contar com o suporte familiar para tanto. Este programa estabelece um pagamento mensal equivalente a um salário mínimo, que foi reajustado para R$ 1.518 a partir de fevereiro de 2024, refletindo a correção do salário mínimo nacional.
As mudanças no BPC não se limitam ao reajuste do valor. A partir de 2025, novas regras foram implementadas com o objetivo de equilibrar as finanças públicas, introduzindo, entre outras coisas, requisitos de cadastramento e avaliação de rendimentos dos beneficiários. Estas modificações visam garantir que o benefício atinja os verdadeiros necessitados e evitar fraudes.
Quais são as novas regras para o BPC?
Uma das principais mudanças implementadas é a obrigatoriedade do cadastramento biométrico, salvo nas localidades onde ainda não é possível implantar essa tecnologia. Além disso, todos os beneficiários devem realizar a atualização cadastral a cada dois anos. Essas ações visam evitar pagamentos indevidos e assegurar que os recursos sejam direcionados corretamente.
Na análise para a concessão do benefício, agora é considerado todo o rendimento bruto mensal das pessoas que vivem no mesmo domicílio do solicitante, independentemente do grau de parentesco ou relação. Entretanto, o valor do BPC recebido por outra pessoa na mesma residência não será contabilizado, permitindo que, em uma casa, possam ser concedidos mais de um benefício, por exemplo, para dois idosos ou alguém com deficiência adicional.
Outro ponto a ser destacado é que a renda de cônjuges ou companheiros que não residem no mesmo imóvel não será incluída no cálculo da renda familiar, facilitando o acesso ao benefício para aqueles que vivem separados por motivos diversos.
Como o reajuste do salário mínimo afeta o BPC?
O reajuste do salário mínimo tem relação direta com o BPC, uma vez que o valor do benefício é equivalente ao piso salarial. Entre 2025 e 2030, o aumento real do salário mínimo será limitado a 2,5% acima da inflação, o que pode influenciar o poder aquisitivo dos beneficiários. A não correção acima desse limite pode resultar em uma perda de poder de compra dos beneficiários, caso a inflação absorva o ganho nominal.
A correção do salário mínimo é calculada com base na inflação acumulada em doze meses até novembro do ano anterior, além do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anterior. Tais ajustes garantem que o salário e, consequentemente, o BPC acompanhem o aumento do custo de vida. Contudo, a nova regra que define um teto para o aumento real do salário mínimo visa controlar os gastos públicos e evitar desequilíbrios fiscais.
Quais são os impactos futuros das mudanças no BPC e no salário mínimo?
Estas alterações têm implicações significativas para as finanças públicas e para os beneficiários do BPC. A limitação no crescimento do salário mínimo contribui para economizar cerca de R$ 15,3 bilhões nos próximos anos, conforme projeção do Ministério da Fazenda. Isso é importante, considerando que diversos benefícios sociais e previdenciários são reajustados com base no salário mínimo.
Cada incremento de R$ 1 no salário mínimo representa um aumento de R$ 392 milhões nos gastos públicos. Portanto, estas medidas indicam uma tentativa do governo de controlar as despesas, enquanto continua a oferecer suporte aos segmentos mais vulneráveis da população. Os ajustes fiscais visam um equilíbrio econômico que possa sustentar políticas sociais sem comprometer a saúde financeira do Estado.