Você pode achar a cera de ouvido apenas um incômodo, mas pesquisas da Universidade Federal de Goiás (UFG) mostram que ela pode conter biomarcadores úteis para diagnóstico precoce de doenças graves — inclusive câncer.
Principais pontos
- A cera de ouvido pode indicar alterações associadas a câncer e outras doenças sistêmicas.
- A coleta é simples, pouco invasiva e de baixo custo.
- O projeto Cerúmen, da UFG, já obteve resultados promissores em estudos com centenas de voluntários.
- Em um cenário em que mais de 250 mil brasileiros morrem por câncer todos os anos, diagnósticos mais acessíveis têm grande impacto, sobretudo diante da diferença no custo do tratamento de câncer entre Brasil e EUA.
Resultado principal
Pesquisadores da UFG estão investigando a análise do cerúmen como método de triagem. Estudos iniciais apontam que substâncias presentes na cera podem funcionar como biomarcadores, permitindo detectar alterações antes de sintomas avançados.
No Brasil, onde mais de 250 mil pessoas morrem por câncer anualmente, um exame simples e barato pode ampliar a detecção precoce e funcionar como complemento a medidas de prevenção e ao fortalecimento do sistema imunológico, como orientações sobre como melhorar sua imunidade com mudanças simples e hábitos saudáveis.
O estudo e a equipe
O projeto Cerúmen, idealizado pelo professor Nelson Roberto Antoniosi Filho, é realizado em parceria com o Hospital Amaral Carvalho (Jaú, SP), referência em oncologia. A pesquisa recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2025 e já compilou dados relevantes em coortes de pacientes e voluntários.
Além do avanço científico, observar caminhos para integração com sistemas de atenção pública e apoio social, como os benefícios do INSS para quem tem câncer, é parte importante da adoção clínica futura.
Como foi feita a coleta
Foram analisadas amostras de cerúmen de 751 voluntários sem diagnóstico prévio e de pouco mais de 530 pacientes em tratamento oncológico. A técnica usa retirada simples por profissional habilitado, o que facilita sua aplicação em rotinas clínicas e campanhas de triagem.
Resultados alcançados
- Em 5 dos 751 voluntários foram identificadas substâncias atípicas que motivaram exames adicionais; esses casos confirmaram presença de câncer.
- Entre os pacientes já em tratamento, a análise do cerúmen coincidiu com o diagnóstico oncológico nos casos avaliados.
- A equipe sugere que a técnica pode também identificar sinais de outras doenças sistêmicas, como diabetes.
Por que isso importa
O tempo é decisivo no combate ao câncer: detecções em estágio inicial elevam as chances de tratamento bem-sucedido. Por ser barato, rápido e pouco invasivo, o exame a partir da cera de ouvido tem potencial para ampliar o acesso a triagens, sobretudo em regiões com poucos recursos, apoiar a detecção precoce e facilitar encaminhamentos para tratamento público, como iniciativas do SUS que oferece tratamento gratuito para câncer de intestino, quando necessário.
Além disso, a triagem precoce deve caminhar junto a ações de prevenção, como cuidados para prevenir o câncer no fígado e orientar sobre hábitos que fortalecem o organismo.
Limites e próximos passos
Ainda são necessários estudos maiores para validar sensibilidade e especificidade dos biomarcadores detectados e para padronizar a coleta e análise. Integração com protocolos de saúde, aprovação regulatória e replicação dos resultados em diferentes populações são etapas essenciais antes do uso clínico rotineiro.
Paralelamente, campanhas de triagem precisarão considerar como educar a população sobre sinais de alerta, por exemplo os sinais do câncer de intestino que não se pode ignorar, para otimizar encaminhamentos.
Conclusão
Algo tão comum quanto a cera de ouvido pode virar uma ferramenta valiosa na triagem de doenças graves. O projeto Cerúmen da UFG demonstra potencial real para diagnóstico precoce — uma esperança concreta, mas que exige mais validação.
Perguntas frequentes
- Como a cera do ouvido pode detectar câncer?
Pesquisadores identificam metabólitos e outras substâncias no cerúmen que podem funcionar como biomarcadores associados a processos tumorais ou outras alterações metabólicas. - O exame dói ou é perigoso?
Não. A coleta é simples e pouco invasiva quando feita por profissional com instrumentação adequada; o risco é baixo. - Que tipos de câncer podem ser detectados?
Ainda não está totalmente definido. O estudo encontrou sinais em casos confirmados, mas é preciso ampliar as pesquisas para mapear quais tipos e em que estágios a técnica é mais eficaz. Estudos futuros também deverão cruzar achados com sintomas típicos, como os relacionados ao câncer de intestino associados a alterações nos hábitos intestinais. - O teste já está disponível na prática clínica?
Não. Os resultados são promissores, porém estão em fase de pesquisa. Validação e padronização são pré-requisitos para adoção clínica. - Quando estará disponível para todo mundo?
Depende de validações adicionais, aprovação por órgãos reguladores e integração a protocolos de saúde. A vantagem é ser potencialmente barato e escalável, o que pode acelerar sua adoção se os resultados se confirmarem. Enquanto isso, medidas de prevenção e fortalecimento da imunidade, como adotar alimentos que podem turbinar sua imunidade, continuam sendo recomendadas.