O recente aumento no preço da carne no Brasil tem gerado preocupações entre consumidores e economistas. Em outubro, os preços subiram 5,81% em relação ao mês anterior, representando a maior alta em quatro anos. Esta elevação supera a média da inflação acumulada de 4,76% nos últimos 12 meses. A expectativa é que esses custos continuem a subir, especialmente com o tradicional churrasco de fim de ano no horizonte.
Um dos principais fatores que contribuem para esse aumento é o custo mais elevado do gado para os frigoríficos. Este encarecimento criou um cenário desafiador para a oferta de carne bovina no país. Além disso, a menor oferta de animais para abate devido a condições climáticas adversas, como secas intensas que deterioram as pastagens, agrava ainda mais a situação.
Por que o Preço do Boi Gordo Está Subindo?
Uma análise detalhada revela que o preço do boi gordo nas fazendas é um dos principais impulsionadores do aumento no custo da carne. Nos últimos dois meses, houve uma escalada de 33% nos preços. Este fenômeno ocorre em meio a uma seca severa que restringe a oferta de animais, resultando em uma menor quantidade de gado pronto para o abate.
A seca é um fator significativo, pois reduz a disponibilidade de pastagens, fundamentais para a alimentação dos animais. Essa situação leva ao aumento dos custos de produção, que acabam sendo repassados aos consumidores. Ademais, a desvalorização do real frente ao dólar intensifica a concorrência entre o mercado interno e os importadores internacionais que compram a carne brasileira.
Como a Inflação Afeta o Churrasco do Brasileiro?
Com a aproximação das celebrações de fim de ano, a preocupação com a inflação do churrasco é um tema recorrente. As projeções indicam que o preço da carne pode aumentar 7,9% no último trimestre, tornando a picanha, um corte tradicional nos churrascos, ainda mais inacessível para muitos consumidores.
A questão é ainda mais complexa devido ao crescimento das exportações de carne bovina, inclusive para os Estados Unidos. Isso porque, com a moeda brasileira desvalorizada, a carne brasileira se torna mais barata para os importadores, aumentando a demanda externa e, consequentemente, reduzindo a oferta interna.
O Que Esperar dos Preços das Carnes em 2025?
As projeções para 2025 indicam que os preços das carnes no Brasil devem registrar um aumento significativo. A expectativa é de uma alta de até 16,1%, um marco que, se concretizado, representará o maior aumento em cinco anos, superando o pico de 17,97% em 2020.
Além da carne bovina, que deve subir cerca de 16,8%, as demais proteínas animais também sofrerão impacto. A carne suína e o frango podem ver seus preços subirem até 13% e 11%, respectivamente. Esse aumento está associado a uma combinação entre a taxa de câmbio mais alta e a oferta restrita de produtos, criando um cenário inflacionário desafiador.
Quais Medidas Podem Ser Tomadas para Controlar a Inflação Alimentar?
O Banco Central enfrenta o desafio de controlar a inflação alimentada por fatores internos e externos. Para isso, uma das medidas adotadas foi o aumento da taxa Selic para 11,25%, com o objetivo de conter a inflação. Contudo, a eficácia dessas políticas monetárias em controlar um mercado volátil e influenciado por fatores climáticos e cambiais ainda gera debates.
Uma resposta mais eficaz pode envolver investimentos em infraestrutura agrícola e políticas de incentivo à produção sustentável, que possam mitigar os efeitos de secas severas. Além disso, a diversificação da dieta e o incentivo ao consumo de outras proteínas mais acessíveis são estratégias que podem ajudar no controle da inflação alimentar a longo prazo.