O relatório Jolts, programado para ser divulgado nesta terça-feira, fornece uma visão detalhada sobre a abertura de vagas de trabalho em setembro nos Estados Unidos. Este documento é crucial para analisar a saúde do mercado de trabalho americano, já que antecede a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) na próxima semana. O desempenho do mercado de trabalho é um dos fatores centrais que influenciam as decisões do Fed em relação às taxas de juros.
Nos últimos tempos, a maior economia do mundo vem mostrando um certo grau de resiliência. Este cenário fomenta o chamado “Trump trade”, impulsionando novamente os rendimentos dos Treasuries, com a taxa de dez anos acima de 4,3%. Esse movimento é um reflexo do otimismo acerca do crescimento econômico e das políticas fiscais e monetárias implementadas recentemente.
O Impacto dos Cortes de Gastos no Brasil
Enquanto o mercado internacional estuda os desdobramentos do relatório Jolts, no Brasil, os participantes do mercado aguardam ansiosamente por possíveis anúncios de cortes de gastos do governo. Há rumores de que o Ministério da Fazenda esteja preparando um pacote que pode variar entre R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões. Ontem, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou a necessidade de cortar gastos “ineficientes” e reiterou que a sustentabilidade social depende de uma base fiscal sólida.
Essa discussão ocorre em um contexto de preocupação com a saúde fiscal do país. Embora a agenda do dia não tenha muitos eventos significativos, o leilão semanal de títulos indexados à inflação (NTN-Bs) e atrelados à taxa Selic (LFTs) pelo Tesouro Nacional merece atenção especial.
Como os Juros e o Câmbio Reagem às Expectativas do Mercado?
Nas negociações recentes, tanto os juros futuros quanto o câmbio mantiveram-se próximos à estabilidade, à medida que o mercado se encontrava em um compasso de espera. Mesmo assim, houve certo impacto residual na curva de juros reais, fator que elevou as taxas de longo prazo para 6,75% nos títulos NTN-Bs 2045 e 2050.
Os agentes de mercado estão em alerta, aguardando medidas concretas do governo, especialmente em relação aos gastos públicos. Os níveis de negociação atuais são comparáveis aos observados durante a crise de 2015/16. Segundo estrategistas da XP, a tomada de decisões está diretamente atrelada a expectativas em relação a tais medidas.
Quais São as Expectativas para a Política Monetária Interna?
Em discurso recente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a importância de um choque positivo na base fiscal para possibilitar a redução das taxas de juros. Essa afirmação reforça a conexão entre a política fiscal brasileira e as decisões monetárias, destacando a necessidade de ajustes estruturais para promover um ambiente econômico mais estável.
Desafios e Oportunidades para a Petrobras e o Setor de Commodities
No âmbito corporativo, os investidores aguardam os desdobramentos do relatório de vendas e produção da Petrobras, que registrou uma queda de 6,6% no terceiro trimestre deste ano. Tal queda pode impactar as ações da empresa, ainda que o desempenho tenha sido mais robusto em comparação com outras companhias petrolíferas globais. Recentemente, apesar da redução de 6% no preço do petróleo, a commodity apresentou um leve movimento de alta, indicando uma possível correção de mercado.