A paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal, que já dura mais de cem dias, vem provocando uma série de impactos relevantes na economia brasileira. Entre os efeitos mais imediatos estão a lentidão nas operações de entrada e saída de mercadorias no país e o atraso em julgamentos de processos fiscais, especialmente os relacionados à sonegação de tributos. Outro reflexo expressivo é o atraso no lançamento do programa da declaração do Imposto de Renda (IR) 2025.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), há risco real de atrasos na liberação das restituições do IR caso a greve continue. A paralisação também interferiu na liberação da declaração pré-preenchida, que só foi disponibilizada em 1º de abril, mesmo com o prazo de entrega tendo iniciado em 17 de março.
Desafios enfrentados pela Receita Federal com a greve
Entre os principais desafios impostos pela paralisação está a interrupção no fluxo logístico de mercadorias, comprometendo tanto importações quanto exportações. Esse entrave afeta empresas de diversos setores que dependem de insumos internacionais e pode gerar prejuízos consideráveis, além de comprometer a competitividade dos negócios.
Outro ponto crítico é a morosidade nos julgamentos de processos fiscais, o que pode favorecer a evasão tributária. A greve também compromete a manutenção e atualização dos sistemas eletrônicos da Receita, dificultando o cumprimento de prazos pelos contribuintes e podendo gerar multas indevidas por falhas técnicas.
Consequências econômicas da greve
O impacto da greve na economia brasileira é expressivo, principalmente no comércio exterior. O atraso na liberação de cargas nas alfândegas gera custos adicionais para as empresas, como pagamento de taxas de armazenagem e penalidades por demora. Esses custos extras acabam sendo repassados ao consumidor, o que contribui para o aumento de preços.
Estima-se que, até março de 2025, o governo já tenha deixado de arrecadar cerca de R$ 14,6 bilhões devido à greve. Caso a paralisação continue, as perdas podem ultrapassar os R$ 40 bilhões até o final do ano. A intensificação da chamada “operação Desembaraço Zero” tem travado milhares de remessas internacionais, elevando drasticamente os prazos de liberação de cargas.
Setores estratégicos como o farmacêutico, automotivo e de tecnologia estão entre os mais afetados, com impactos diretos nos custos logísticos e no abastecimento. Além disso, a queda na arrecadação reduz a capacidade de investimento do governo em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura, agravando ainda mais o cenário.
A instabilidade também afeta a confiança de investidores nacionais e estrangeiros, criando um ambiente de incertezas que pode comprometer a retomada do crescimento econômico.
Possíveis caminhos para solucionar o impasse
A saída para a greve exige um esforço de negociação entre o governo federal e os representantes do Sindifisco. Entre as propostas que podem ser debatidas estão a revisão das condições salariais e dos planos de carreira, além de melhorias nas condições de trabalho para a categoria.
Investimentos em modernização dos sistemas da Receita Federal também são apontados como solução estratégica. A automatização de processos e a redução da dependência da força de trabalho humana ajudariam a evitar que greves futuras paralisem completamente serviços essenciais, garantindo maior estabilidade institucional.
A greve dos auditores fiscais representa um dos maiores desafios recentes para a administração pública e para a economia nacional. Resolver o impasse é urgente para restaurar a normalidade nos serviços da Receita Federal e evitar prejuízos ainda maiores para o país.