Você precisa preparar seus clientes para a nova tributação de dividendos que vai mexer direto no caixa dos sócios. Não é só pagar imposto: é tomar decisões hoje sobre política de distribuição, estrutura de capital e fluxo de caixa. Antecipar lucros, considerar JCP e fazer simulações claras com o cliente serão passos essenciais. Aqui está o caminho prático para ser um parceiro estratégico e evitar surpresas.
Tributação de dividendos 2026: por que você precisa liderar essa conversa agora
Você vai sentir o impacto direto no bolso dos sócios. A proposta de taxar dividendos a partir de 2026 muda regras antigas — e é parte de um movimento maior de alterações no imposto de renda e políticas tributárias que vem recebendo ampla cobertura na mídia especializada, como nesta análise sobre mudanças oficiais no imposto de renda e seus efeitos no bolso. Se continuar tratando distribuição de lucros como rotina, terá cliente pagando imposto sem planejamento. Agindo agora, você pode gerar valor real e proteger o caixa.
Antes: isenção total, gestão simples
Até aqui, qualquer lucro distribuído ao sócio pessoa física vinha com isenção total. A deliberação era rápida: aprova-se em ata e paga-se. Esse modelo era prático, mas virou alvo de críticas por concentrar vantagens em sócios de alta renda.
O que está na mesa: pontos-chave da tributação de dividendos a partir de 2026
- Projeto mais discutido: PL 1.087/2025, que propõe tributar parte da distribuição aos sócios.
- Prazo decisivo: lucros apurados até 2025 podem ser distribuídos isentos se a deliberação for registrada até 31/12/2025. A distribuição pode ocorrer até 2028, desde que formalizada agora.
- A proposta altera a lógica de IR e a remuneração dos sócios: não é só pagar imposto, é decidir quanto de caixa o sócio terá no final.
- Instrumentos relevantes: Juros sobre Capital Próprio (JCP) voltam ao radar — retenção na fonte de 15%, mas com dedução para a empresa.
Quais os impactos estratégicos?
Olhe para três pontos:
- Liquidez dos sócios: tributação maior reduz poder de compra.
- Fluxo de caixa da empresa: política mal desenhada pode comprometer investimentos.
- Governança: será necessário formalizar reservas, atas e demonstrações com mais rigor.
Exemplo prático: sendo contador de uma indústria, você pode mostrar caminhos que salvam caixa e reduzem imposto — e assim vira parceiro estratégico.
4 movimentos para proteger os lucros e gerar valor estratégico
1) Antecipar distribuição de lucros acumulados até 2025
Lucros até 2025 ainda podem ser distribuídos sem imposto se a deliberação for registrada até 31/12/2025. Marque reunião com o cliente, liste lucros acumulados, formalize em ata e mostre o efeito no caixa.
2) Revisar a política de dividendos
Se há distribuição fixa sem análise, ajuste-a considerando: necessidade de caixa, reservas para investimentos e impacto fiscal. Renegocie periodicidade, crie faixas de distribuição e ajuste percentuais conforme resultado. Use cenários simples com números que o dono reconheça.
3) Incluir JCP como ferramenta de planejamento
O JCP tem retenção de 15% na fonte e é dedutível para a empresa. Exige lucro contábil e reservas disponíveis. Faça simulações antes de recomendar para avaliar impacto na liquidez e no resultado.
4) Simular cenários com o cliente na mesa
Mostre, com números, o impacto de cada caminho no caixa do sócio e na operação. Exemplos de cenários:
- Cenário A: distribuir tudo agora (se deliberado até 31/12/2025).
- Cenário B: converter parte em JCP.
- Cenário C: reter lucro para reinvestir.
Apresente valores líquidos finais e conte a história: se sacar tudo agora, terá X; se optar por JCP, terá Y; se reinvestir, pode ganhar Z no futuro.
Como apresentar isso ao cliente sem enrolação
Use linguagem direta. Sente-se com o dono e diga: Se você distribuir R$ 100 mil hoje, com a regra nova vai sobrar R$ X. Se fizermos JCP, sobra R$ Y. Se reinvestir, podemos crescer e, em dois anos, gerar mais caixa. Conte como amigo, mostre números simples e transforme a conversa em diferencial.
Riscos e pontos legais que você deve acompanhar
- O PL 1.087/2025 traz dúvidas contábeis sobre integração da tributação de empresas e sócios — acompanhe pareceres e instruções normativas, bem como orientações sobre regularização que a Receita tem divulgado, por exemplo em comunicados sobre regularização do IRPF e riscos de cair na malha fina.
- O STF discutiu a instituição do Imposto sobre Grandes Fortunas — o debate político pode gerar novas regras.
- Alta de juros reais no Brasil afeta custo de capital e decisões de reinvestimento; ligue isso às discussões sobre Selic e isenções que afetam o cenário macro, como em análises sobre a relação entre isenções e o corte da Selic.
- Temas trabalhistas e de compliance podem gerar passivos relevantes.
- Em TI, pense em APIs e múltiplos gateways para automatizar pagamentos e reduzir erros.
- Segurança de dados é crítica: vazamentos recentes mostram que contas vinculadas a serviços de e-mail foram expostas — é responsabilidade do consultor orientar controles.
Outros projetos e mudanças para ter no radar
- Projetos sobre proteção previdenciária para apps.
- Propostas que podem afetar remuneração do trabalho e recolhimentos.
- Impactos indiretos em seguros e passivos por decisões sobre economia do crime.
- Fusões e aquisições: due diligence fiscal e governança rigorosa para mapear tributos futuros.
Fique atento a outras frentes tributárias e reformas que avançam no Congresso, como propostas tratadas pela CCJ e mudanças setoriais que podem afetar aluguéis e rendas, por exemplo em matérias como propostas de reforma tributária na CCJ e na cobertura sobre eventuais alterações no imposto sobre aluguel.
Checklist prático para agir hoje
- Reserve tempo para revisar lucros acumulados e registre deliberação até 31/12/2025 se for distribuir isento.
- Reúna dados financeiros e simule pelo menos 3 cenários com números claros.
- Avalie usar JCP quando houver lucro contábil e caixa — calcule retenção de 15% e efeito no IR.
- Atualize a política de dividendos e documente tudo em ata.
- Verifique controles de TI e proteção de dados para reduzir risco operacional.
- Mantenha o cliente informado sobre PLs, decisões do STF e variação da taxa de juros.
Como transformar isso em oportunidade para você
Coloque o tema na mesa agora: faça reuniões curtas, traga números e fale a língua do dono. Mostrar cenários e alternativas transforma seu papel em consultor estratégico, não apenas executor. Referencie materiais práticos e notícias especializadas sobre as mudanças no imposto de renda para fundamentar suas recomendações, como este conteúdo sobre o impacto das novas regras do IR.
Ferramentas e rotinas que ajudam no dia a dia
- Planilha simples: colunas para lucro, reserva legal, distribuição proposta, imposto e caixa líquido.
- Automatize extração de dados do ERP para reduzir erro.
- Use template de ata de assembleia para formalizar decisões.
- Checklist de compliance trabalhista e proteção de dados para revisão periódica.
Conclusão
A tributação de dividendos muda a rotina do cliente e pode apertar o caixa dos sócios. Antecipe decisões, documente tudo e coloque a política de dividendos na mesa hoje. Lembre-se do prazo: 31/12/2025 é a linha de chegada para proteger lucros já auferidos. Simule cenários claros, avalie JCP quando fizer sentido e renegocie periodicidade e percentuais. Pequenas ações agora evitam grandes dores depois. Seja a bússola do cliente: fale claro, mostre números e formalize decisões.
Perguntas Frequentes
O que prevê o PL 1.087/2025?
O projeto propõe tributar dividendos a partir de 2026. Hoje, lucros distribuídos a pessoas físicas são, em regra, isentos — o que muda o caixa dos sócios e exige planejamento.
Posso antecipar distribuição de lucros isentos?
Sim. Lucros até 2025 podem ser deliberados até 31/12/2025. A distribuição pode ocorrer até 2028, mantendo a isenção.
Como o JCP entra no planejamento?
O JCP sofre retenção na fonte de 15% e é dedutível para a empresa. Exige lucro contábil e reservas; deve ser simulado antes de ser recomendado.
O que revisar na política de dividendos da empresa?
Pare de seguir políticas fixas sem análise. Ajuste valores, frequência e limites para preservar caixa e reduzir imposto.
Qual o papel do contador agora?
Liderar as conversas, fazer simulações claras com o cliente e propor antecipação, JCP, retenção ou reinvestimento conforme o cenário.
